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De olhos postos no futuro – Megatendências e impacto na logística para o setor químico

Michael Kriegel, Department Head DACHSER Chem Logistics, e Johann-Peter Nickel, Diretor Geral da Associação Alemã da Indústria Química (VCI) (Da esq. para a direita) Foto: @VCI/Döring

O que é que os agentes da cadeia de abastecimento da indústria química devem ter em conta para se prepararem para o futuro, e que tendências irão moldar o setor? Johann-Peter Nickel, Diretor Geral da Associação Alemã da Indústria Química (VCI), e Michael Kriegel, Department Head da DACHSER Chem Logistics, identificam cinco pilares fundamentais para o setor logístico da indústria química até 2030.

Nada é mais constante do que a mudança

É nesse contexto de megatendências que a logística pode e deve evoluir, ao estabelecer novos modelos de negócio e incorporar as tecnologias digitais, tais como a inteligência artificial (IA), no processo. Adicionalmente, as empresas de logística devem intensificar os seus esforços de ação climática.

A indústria química e farmacêutica também passou por uma mudança radical, e a transformação numa economia digital e sustentável exige o realinhamento de estratégias. Para tal, a indústria estabeleceu algumas metas ambiciosas. Pretende tornar-se neutra em carbono o mais rapidamente possível e passar da energia e recursos baseados em combustíveis fósseis para energias renováveis e economias  de ciclo fechado. A única forma de o conseguir é aproveitando muitas das oportunidades oferecidas pela digitalização, pelo que as empresas estão cada vez mais a recorrer a métodos digitais para otimizar os seus processos empresariais e estabelecer novos modelos mais orientados para os serviços. A transformação também significa redefinir os requisitos impostos aos parceiros na cadeia de valor e a forma de colaborar com eles.

As mudanças nas cadeias de abastecimento globais foram aceleradas pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. Outros fatores incluem a falta de motoristas e outros profissionais qualificados, bem como a digitalização e as alterações climáticas. É importante estabelecer, inequivocamente, que estas mudanças nas cadeias de abastecimento não são passageiras mas estão para ficar. O maior desafio que os fornecedores de logística enfrentam reside na estabilidade das redes de produção.

Responder às expectativas do cliente

A rápida evolução das necessidades dos clientes significa que estão constantemente a ser criados novos modelos de negócio e canais de venda, o que, por sua vez, altera as cadeias de abastecimento. No passado, a logística era muitas vezes considerada como um mero “fator de custo”. Esta realidade mudou de tal forma que agora a logística passou a fazer parte da lista de prioridades da direção das empresas. E os resultados das parcerias entre as empresas e os seus prestadores de serviços de logística – em que os intervenientes são vistos como iguais – são soluções integradas e completas a partir de uma única fonte. Isto confere uma nova perspetiva à colaboração entre as partes.

Essas soluções completas (end-to-end) funcionam apenas quando combinadas com redes integradas e estreitamente interligadas. É por esta razão que a DACHSER investe, por exemplo, na otimização e expansão da sua rede de transporte terrestre,  ao mesmo tempo que reforça de forma sustentável os seus serviços de transporte aéreo e marítimo de mercadorias. Uma gestão eficiente da rede e uma gestão inteligente da cadeia de abastecimento implicam igualmente previsões de procura de capacidade tão precisas quanto possível. A utilização de inteligência artificial e a análise de dados (big data) fornecem as condições necessárias para o efeito.

À medida que a transformação digital avança, conceitos como "a abordagem centrada no cliente" ganham mais importância. Para a indústria química alemã, isso não é novidade. Uma das características do setor é estar constantemente a responder às necessidades dos clientes e a desenvolver soluções à medida. Mas o aumento da digitalização irá abrir ainda mais oportunidades para compreender e responder às necessidades dos clientes. Daí a importância de estabelecer a competência de dados: recolher dados essenciais, processá-los e depois interpretá-los corretamente para adequar produtos, serviços, processos internos e atividades de marketing e vendas aos requisitos do cliente. Esta é uma tarefa extremamente difícil de fazer sem as soluções digitais adequadas.

A digitalização abre um novo potencial

Juntamente com uma rede física estável, a importância da digitalização na transformação da logística está a crescer. A DACHSER, por exemplo, oferece conceitos digitais integrados projetados para continuar a elevar o padrão de qualidade e produtividade – seja automatizando processos ou aprimorando a usabilidade e a transparência para clientes e colaboradores.

Está a tornar-se claro que o “big data” tornará o trabalho logístico mais eficiente ao longo de toda a cadeia de abastecimento. Para empresas como a DACHSER, as principais vantagens das tecnologias digitais são que podem apoiar as pessoas no processo de tomada de decisões e libertá-las de tarefas rotineiras. Por exemplo, as aplicações com recurso a “machine learning” podem ser utilizadas para processar dados de operações diárias para prever melhor os volumes de entrada. Isso pode ser feito até 25 semanas de antecedência e é uma ajuda valiosa na tomada de decisões quando se trata de capacidade sazonal e planeamento de recursos.

A digitalização também aumenta a transparência ao longo da cadeia de aprovisionamento. Sensores inteligentes conectados recolhem e transmitem dados sobre posição, temperatura, condições ambientais e vibração, o que é particularmente útil no transporte de produtos químicos, muitos dos quais requerem condições específicas. No futuro, a digitalização irá permitir monitorizar e proteger ainda melhor estas mercadorias durante o transporte.

Interview with: Michael Kriegel, Department Head DACHSER Chem Logistics, e Johann-Peter Nickel, Diretor Geral da Associação Alemã da Indústria Química (VCI)

As megatendências atuais são complexas e também se influenciam e reforçam mutuamente.

As pessoas são a chave

Muitas das questões que hoje enfrentamos têm respostas digitais, mas estas não substituem as pessoas. É por isso que a DACHSER prevê um sistema ciber-socio-físico, no qual os fluxos de dados e os fluxos de bens se fundem e são traduzidos em atendimento personalizado pelas pessoas. Por este motivo, a contínua falta de pessoal qualificado torna-se ainda mais grave.

Outro fator que afeta a logística em particular é a escassez de motoristas. Dada a elevada procura, reverter essa tendência no mercado de motoristas depende da união de todo o setor. As empresas de logística precisam tornar-se ainda mais apelativas como empregadoras para potenciais candidatos.

A sustentabilidade irá vencer

Em 1991, a indústria química alemã lançou o Programa de Conduta Responsável, preparando o caminho para a sustentabilidade no setor. A importância deste tema cresceu de forma significativa: por exemplo, em 2013, a VCI, o sindicato IGBCE e a Federação Alemã de Associações de Empregadores Químicos (BAVC) lançaram a iniciativa de sustentabilidade Chemie3 que visa ancorar a sustentabilidade como um princípio orientador da indústria.

A sustentabilidade também tem grande influência na logística, com o foco a deslocar-se cada vez mais para as emissões de carbono. Para os produtores químicos, as emissões geradas por terceiros representam um papel importante. A redução das emissões para toda a cadeia de produtos exige que todos os parceiros da rede de valor – fabricantes, distribuidores e prestadores de serviços de logística – trabalhem em conjunto.

No entanto, uma logística amiga do ambiente, que resulta de uma mudança para tecnologias de baixa e zero emissões, conduzirá inevitavelmente a um aumento nos custos de transporte. E também é discutível até que ponto a tecnologia está perto de tornar os veículos de emissões zero uma opção viável para rotas de longo curso.

As empresas estão a responder: a DACHSER, por exemplo, compra apenas eletricidade gerada a partir de recursos renováveis, para as suas instalações em todo o mundo, desde janeiro de 2022. Além disso, o operador logístico está a instalar e expandir sistemas fotovoltaicos nas coberturas dos seus edifícios na Europa. Mas a maior alavanca na logística química é a elevada utilização da capacidade dos camiões e a IA pode desempenhar um papel importante na consecução deste objetivo.

A enorme complexidade da indústria química pode ser ilustrada pelo uso de mais de 30.000 substâncias combinadas para fazer mais de um milhão de produtos. Alguns destes são classificados como perigosos, e daí os numerosos regulamentos rigorosos para o seu transporte. A IA ajuda os operadores logísticos a otimizar as suas rotas e a melhorar a gestão de capacidade.

Conclusão

Ao longo do tempo, as empresas de logística e os intervenientes da indústria química irão enfrentar grandes desafios, que não poderão ser superados avançando de forma isolada. Cabe aos operadores logísticos entender os inúmeros processos simultâneos em toda a sua complexidade e considerar todos os ângulos no desenvolvimento das suas próprias soluções. É necessário um esforço de grupo para moldar ativamente as mudanças e megatendências futuras, e as oportunidades que essa abordagem cria devem superar amplamente os riscos e justificar a interrupção do status quo.

Autores:

Michael Kriegel, Department Head da DACHSER Chem Logistics - www.dachser.com
Johann-Peter Nickel, Diretor Geral da Associação Alemã da Indústria Química (VCI) - www.vci.de

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